Minha vocação para passar vergonha vem de longe. rsrsrsrs Começou na adolescência, enquanto torturava o violão na roda de amigos. Foi naquela época que eu me dei conta, pela primeira vez, de uma máxima que carrego comigo até hoje:
“Para o povo se divertir, alguém tem que pagar o mico.” – Eu mesmo, 15kg mais magro, lá pela década de 90.
O que este ditado tem a ver com omissão, que é o título deste artigo?
Tem a ver com a capacidade de se expor. Tem a ver com a coragem de errar. Tem a ver com a vontade de ver algo feito, não necessariamente perfeito. Tem a ver com defender o que você acredita, independente da imagem que isto vai gerar da sua pessoa.
Em liderança, está relacionado com saber tomar decisões e assumir falas impopulares, mas necessárias.
A história de hoje é a seguinte:
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Participo de um grupo de WhatsApp específico, onde uma pessoa, voluntariamente, faz a ata do grupo todos os dias, exceto domingos e feriados. E não é qualquer grupo. É um grupo que às vezes bate mais de mil mensagens por dia.
Em um determinado momento, me pareceu que o trabalho voluntário desta pessoa estava sendo criticado. E a crítica me soou desrespeitosa. Me deu aquela sensação de obra da COPASA (Como chama o departamento de água da sua cidade?), onde tem umas três pessoas pra fora do buraco, gritando e dando ordens para um único sujeito lá embaixo, todo sujo.
Pensei comigo:
“Todo mundo sabe que não se entra em discussão em grupo de WhatsApp”.
“Não entre em discussão por escrito. A escrita não transmite a emoção certa. Você pode estar entendendo errado. Você pode ser entendido errado.”
“E se eu falar algo que detone o meu relacionamento com o grupo?”
Claro que depois disto tudo passar pela minha cabeça, a decisão só podia ser uma: Escrever uma resposta, é claro! rsrsrsrsrs
Sabe por que eu decidi responder? Porque do outro lado da cachola, as reflexões eram as seguintes:
“Se errar por amor, Deus abençoa.” (Djavan – A Carta – 1998)
“Se fosse eu o alvo da suposta crítica, como eu me sentiria?”
“Prefiro errar a me omitir.”
“Se perceber que errei, corrijo e peço desculpas sinceras.”
E assim o fiz.
Se eu estava certo ou errado? Não sei responder. Nem sempre existe uma verdade absoluta. Aliás, quase nunca. Mas no final, todos expuseram seus pontos de vista e chegamos a um acordo, onde indubitavelmente o trabalho voluntário foi valorizado.
E terminei esta história com a consciência tranquila de ter feito o que senti que era preciso. Que não me omiti.
Não percamos nossa capacidade de nos indignarmos. E que esta indignação tenha voz. E, mais do que voz, braços.
Vinicius Soares
Postado originalmente no LinkedIn de Vinicius Soares